terça-feira, 3 de junho de 2014

Panorama das Culturas Populares e Tradicionais no Distrito Federal 



A riqueza das culturas populares e tradicionais do Distrito Federal precisa ser mapeada e difundida para além das comunidades onde são produzidas. Assim, para definir o cenário de atuação dos grupos e comunidades produtores de culturas populares e tradicionais no Distrito Federal, as cidades de Brazlândia, Gama, Paranoá, Planaltina, São Sebastião e Taguatinga sediaram, em março e abril, seis rodas de conversa nas quais foram discutidas políticas públicas para as culturas populares aqui e no Brasil. Os debates fazem parte do Panorama das Culturas Populares e Tradicionais no Distrito Federal. Durante as conversas, foi feito um levantamento sobre o perfil dos profissionais envolvidos na cadeia produtiva do Artesanato, do Circo e das Culturas Populares. O evento se encerra nos dias 7 e 8 de junho, na Casa do Cantador, em Ceilândia, com apresentação dos resultados da pesquisa, seminário, debates, oficinas, apresentações artísticas, feira gastronômica e de negócios.
Para chegar aos resultados do censo, foram entrevistados artesãos, artistas, mestres, pesquisadores, produtores, técnicos, dentre outros, além de grupos informais. O objetivo do levantamento é identificar também profissionais que não constem nos bancos de dados oficiais da Secretaria de Estado de Cultura do Distrito Federal, como o Cadastro de Ente e Agente Cultural (CEAC) e no Sistema Geral para Contratação Artística (SISCULT). Em março, as reuniões ocorreram em São Sebastião, Paranoá e Taguatinga. Em abril, os debates aconteceram no Gama, Planaltina e Brazlândia. Além da divulgação, durante o evento de encerramento, os resultados da pesquisa e das rodas serão anunciados na imprensa, nas redes sociais e no catálogo impresso, contendo dados de contato de artistas, empresas, entidades e grupos dos setores pesquisados, proporcionando mais visibilidade aos seus trabalhos.



Entrada franca.

Para mais informações: (61) 3321-9922.

Classificação indicativa livre.

Programação

Sábado (7/6) 

10h – Roda de Mestres: Martinha do Coco (Paranoá), Tamatatíua Freire )Ruiter Lima(Tribo das Artes), Gilvan do Vale (Tambor de Crioula de Seu Teodoro), Chico de Assis (Casa do Cantador – Ceilândia) e Chico Simões (Mamulengo Presepada – Taguatinga).

10h às 12h – Oficina Mídias e Redes Sociais: Comunicação eficiente com Angelica Elisa.

10h às 19h – Feira de Artesanato.

11h – Abertura / Apresentação dos resultados da pesquisa Panorama das Culturas Populares e Tradicionais do Distrito Federal / Debate I. Palestrantes: Eduardo Cabral, Francisco de Assis Chagas (Casa do Cantador), Carolina Palhares e Lara Amorim. Participação do público.

11h às 19h – Feira de Gastronomia.

14h – Oficina Direção de Palco – Humberto Pedrancini.

14h30 – Chico de Assis e João Santana.

16h30 – Debate II: Políticas públicas para as culturas populares e tradicionais. Mediação: Lara Amorim. Palestrante:Daniel Castro (Secretaria de Cidadania e da Diversidade Cultural/MinC), Marcelo Manzatti (Colegiado de Culturas Populares do DF) e Aldinei de Oliveira Silva, Diretor de Promoção de Culturas Populares. . Participação do Público.

16h – Bruttos e Bruttas da Catira (Planaltina).

17h – Grupo de Capoeira Sol Nascente (Ceilândia).

18h – Tamnoá (Paranoa).



Domingo (8/6)



10h – Oficina Assessoria de Imprensa, Release, Montagem de Portfólio e outros temas relacionados à comunicação com Maria Alice Monteiro (Editora da Brasíliagenda).

10h às 19h – Feira de Artesanato.

11h – Debate III: Invisibilidade nos Meios de Comunicação de Massa. Mediação: Lara Amorim. Palestrantes:Marcos Linhares (Agência C7), Ailton Velez (Menino de Ceilândia), Markão Aborígine (Grupo Aborígine, Coletivo ArtSam, Recid/DF). Participação do Público.

11h às 19h – Feira de Gastronomia.

14h – Apresentação Menino de Ceilândia.

14h30 – Debate IV Lei de Mestres. Mediação: Lara Amorim. Palestrantes: Valéria Oliveira (Invenção Brasileira/Assessoria Dep. Edson Santos) e Fred, da Comissão de Cultura – a confirmar. Participação do Público.

16h – Semente Cia. de Teatro (Gama).

17h – Grupo Dança de Roda (Brazlândia).

18h – Boi do Seu Teodoro (Sobradinho).

Os grupos serão assistidos e acompanhados durante o evento, sobretudo durante as apresentações, por profissionais de reconhecida experiência e receberão assessoria sobre Técnicas de Sonorização (Cacai Nunes) – Oficina de Sonorização.

Data:

07.06.14 a 08.06.14

Local:

Casa do cantador (QNN 32, área especial, Ceilândia Sul).





Informações: Maria Alice Monteiro

Reportagem: Panorama sobre as violações à liberdade de expressão em 2013 



As violações à liberdade de expressão é um questionamento ímpar para as organizações nacionais. O tema ganhou grande abrangência no ano de 2013, porém as sequelas da mordaça que assola os direitos de comunicação, não tomaram a dimensão necessária para conscientizar corporações, governos e sociedade civil. De acordo com a Artigo 19 – entidade que trabalha em prol da ampla liberdade de expressão – a dificuldade na busca e na mensuração dos verdadeiros números dos casos de violação é o grande desafio para que um panorama sobre esse problema no país seja traçado. Entender as causas dessa violência é essencial para buscar soluções. Para isso, é preciso compreender onde se dão os casos de violência, sob quais motivações, o perfil das vítimas e supostos mandantes.
Mas para se chegar a um resultado preciso sobre a violência contra a liberdade de expressão no Brasil, é preciso realizar uma coleta de dados, que seria obviamente, exaustiva. A extensão do país e falta de pesquisas panorâmicas que busquem um olhar amplo sobre o problema, são os principais fatores que dificultam os dados.
Dos 45 casos de graves violações relacionados ao exercício da liberdade de expressão identificados pela Artigo 19 em 2013, 29 aconteceram com comunicadores (jornalistas, radialistas, blogueiros, comunicadores comunitários e outros profissionais de comunicação) e 16 com defensores de direitos humanos (lideranças rurais, ativistas ambientais, militantes políticos, líderes indígenas, líderes quilombolas e outros).
As violações contra comunicadores ocorreram em todas as regiões do Brasil. O Sudeste do país foi mais violento para o exercício da liberdade de expressão, com oito casos. As regiões Norte e Sul apresentaram seis ocorrências cada. O estado de São Paulo teve o maior número de casos, registrando cinco ocorrências, ou seja, 62,5% das violências registradas na região Sudeste. O estado do Rio Grande do Sul registrou 4 ocorrências. Minas Gerais e Mato Grosso do Sul aparecem em terceiro lugar, ambos com três casos cada.
Os principais motivos para as ameaças de morte, tentativas de assassinato e homicídios ocorridos contra comunicadores em 2013 foram denúncias realizadas pelas vítimas. Com 25 casos, as denúncias representam 86% das motivações. As críticas e expressão de opiniões motivaram 14% das ocorrências, quatro casos. Dados como este, indicam um cenário muito perigoso para a liberdade de expressão no país.



Homicídios

Quatro comunicadores já foram vítimas de homicídios em 2013 eram profissionais de distintos veículos, sendo eles um radialista, um repórter investigativo, um fotógrafo e um blogueiro. O caso do repórter investigativo Rodrigo Neto e o caso do fotógrafo Walgney Carvalho estão relacionados e ocorreram pelas mesmas motivações. Walgney, além de estar colaborando para o dossiê desenvolvido por Rodrigo, diza saber quem foram os possíveis mandantes do assassinato do colega.
As denúncias foram as possíveis motivações para 75% dos casos de homicídios dos comunicadores. Em Caxias do Sul, o assassinato do blogueiro ativista parece estar relacionado a críticas policiais muito presentes em seus textos e em suas falas, apesar de as investigações apontarem uma tentativa de assalto. Dos quatro casos ocorridos em 2013, três possivelmente se relacionam com denúncias envolvendo órgãos de segurança pública.
Uma tentativa de denunciar crimes cometidos por policiais levou dois comunicadores à morte e as críticas sobre a corporação policial aparecem de maneira não esclarecida como a motivação para o assassinato de um jovem militante e blogueiro. O único caso que não se refere aos órgãos públicos é o do radialista Mafaldo Bezerra Goes, que denunciava membros do crime organizado em seu programa de rádio.
Os comunicadores têm o importante trabalho de trazer informações e dados que incentivem o debate público e o questionamento de temas polêmicos e pouco abordados pela sociedade. Em um ano marcado pela violência policial contra milhares de manifestantes que ocuparam as ruas de diversas cidade brasileiras e profissionais de comunicação que buscavam registrar os acontecimentos, é preocupante que esse trabalho seja ameaçado por meio da execução desses profissionais.
Os quatro homicídios de comunicadores que possivelmente têm relação com o exercício da liberdade de expressão ocorridos em 2013 já chegaram à fase final de investigação. No entanto, a conclusão das investigações não encontrou e responsabilizou todos os verdadeiros envolvidos no caso.




Tentativas de assassinato


Em 2013, foram vítimas de tentativa de assassinato comunicadores de diferentes veículos: mídia impressa, mídia digital, rádio e TV.
Nenhuma mulher sofreou tentaiva de assassinato em 2013. No entanto, dois casos ocorreram em sedes de veículos de comunicação e, embora não tenham vitimado ninguém, poderiam ter atingido profissionais mulheres. Ivonete Costa, por exemplo, é diretora do Grupo Rondoniagora. É ela quem comanda o portal e é responsável pela linha editorial do site, que possivelmente foi o motivo que provocou o atentado na sede.
Seis dos sete comunicadores que sofreram tentativas de assassinato por conta de denúncias tinham como temática a gestão pública de suas cidades em seus veículos de comunicação. Os comunicadores representam um importante papel na democracia de um país, ao levantarem informações pertinentes ao debate público sobe os representantes políticos e inclusive proporcionarem um meio em que um cidadão tenha voz para reivindicar seus interesses e expor suas críticas, como o programa de rádio apresentado por uma das vítimas, que contava com a participação da audiência. A tentativa de impedir o trabalho desses profissionais não interrompe somente o fluxo de informações dos seus veículos, mas é capaz também de calar a sociedade.
A Agência Abraço continuará abordando e repudiando todas as formas de violência contra a liberdade de expressão no Brasil. Na próxima sexta-feira (06/06) continuaremos esta reportagem, aprofundando mais sobre os protestos de 2013, questões como os direitos humanos e a impunidade dos crimes contra imprensa.



Com informações da Artigo 19

Bruno Caetano
Agência Abraço
Foto:Reprodução